quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Palácio de Pilatos como palco

O Nuvem 33 fez um punhado de apresentações além da Retreta Eletrônica no Teatro do Parque: no Pátio de São Pedro, no Beco do Barato e na Feira Experimental de Música (ao lado, o cartaz criado por Lula Wanderley), em Nova Jerusalém.

Quanto a esta, o Diário de Pernambuco, em sua edição de 13 de novembro de 1972, não deixou por menos e estampou a nota:

"Hippies" invadem a Nova Jerusalém e realizam festival

FAZENDA NOVA (Do enviado especial) - As ruelas e palácios de Nova Jerusalém foram invadidos, sábado ao entardecer, por "hippies" e estudantes que, entre os sons de guitarras e a estridência "desordenada" de baterias, realizaram o primeiro festival de música de vanguarda de Pernambuco, com a denominação de I Feira Experimental de Música.

O espetáculo, que começou às 17h30m do sábado terminando às 4 horas do domingo, reuniu cerca de duas mil pessoas.

A Banda de Música de Fazenda Nova e a Banda de Pífanos de Nova Jerusalém abriram a parada musical em meio a um entusiasmo sem precedentes dos jovens aglomerados ante o imponente Palácio de Pilatos. Seguiu-se a apresentação do conjunto Tamarineira Village, culminando com a exibição do Nuvem 33 e Flaviola.

Os promotores do certame distribuíram questionários a fim de colher as impressões dos participantes do espetáculo, qualificado pelos observadores como "o primeiro grande passo para a completa renovação da música popular regional".

As composições do Nuvem 33 refletiam nossas influências juvenis à época (eu tinha apenas 21 anos): Frank Zappa e os Mothers of Invention, Jimi Hendrix, filmes B de terror e livros de ficcção científica (você já leu O homem demolido, de Alfred Bester, ou Inalterado por mãos humanas, de Robert Scheckley? São muito criativos).

Hoje, canções como Moma, seu banjo e o Dr. Bizarro; Motcha, o morcego; Ave marciana; Lesmas famintas e outras não fariam feio em um CD para crianças...

Tiago Araripe

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