sexta-feira, 21 de maio de 2010

Novas parcerias no ar

Duas composições em parceria com Ricardo Alcântara, autor das letras, estão no novo CD de Marcos Lessa e Ricardo: Luzazul. O disco tem lançamento hoje e amanhã, em Fortaleza (Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).

Abaixo, reportagem publicada no Diário do Nordeste fala sobre o lançamento:

CD/SHOW

Música e transcendência

21/5/2010

A transcendência é o mote para as canções de "Luzazul", novo CD de Ricardo Alcântara, em parceria com o pianista Sávio Dieb e o cantor Marcos Lessa. O disco tem lançamento em shows hoje e amanhã, no Centro Dragão do Mar

No alto da montanha fui me procurar/ Eu fui em busca de um tesouro/ dentro de mim/ Perdido em algum lugar. Os versos fazem a ponte entre o disco "Canções do Eterno Agora", lançado por Ricardo Alcântara, em 2008, e seu novo trabalho: o CD "Luzazul", compartilhado com o pianista Sávio Dieb, responsável pelos arranjos, e com o cantor Marcos Lessa, que com não mais que 19 anos vem atraindo a atenção de músicos da cena de Fortaleza.

"Altar" é o nome da canção, assinada por Ricardo, Marcos e Francisco Casaverde e presente em ambos os discos. "O Marcos cantava esse música no outro disco. Gravando essa faixa naquela época, a gente pensou: ´Puxa, a gente devia fazer um disco assim´. E assim foi", conta Ricardo. "Essa música foi o protótipo desse novo disco".

Não só pela presença da dupla cuja parceria é robustecida agora com o novo CD. "Altar" também aponta para o norte temático de "Luzazul": o olhar para o próprio ser, a busca pelo conhecimento interior, os componentes espirituais expressos em metáforas como a da montanha, "mirante aberto para um firme olhar, manso farol do tempo sobre o mar".

"Fomos buscando, a partir daí, essas canções. Fazendo músicas dentro dessa linha e buscando melodias", diz Ricardo, que pinçou de Bob Dylan e Mark Knopfler temas originalmente desprovidos de letras e os incorporou ao projeto. "No meu outro disco tem uma letra para uma música do Bob Marley. Acho muito legal fazer isso, porque você parte da melodia. É muito bom botar letra em música, perceber as palavras que estão na música", diz, sobre o processo em que letrou "Wigwam", de Dylan (que abre o disco, sob o título "Sempre aqui") e "Father and son", de Knopfler, originalmente composta para uma trilha de cinema e agora gravada no disco de Ricardo como "Pai e filho".

Outra contribuição com compositores "do mundo" é "Outra vez", letra em português para "Golden days", de Chris Spheeris e Paul Voudouris. "São autores mais do new age, uma coisa que a gente namorou muito nesse disco, com essas vertentes. Do new age, do rock progressivo", reconhece Alcântara, sobre o trabalho em que a intenção dos arranjos de Sávio Dieb fica clara desde o início, sob uma atmosfera sonora convidativa à contemplação. "Se pudesse resumir em uma palavra, a gente quis fazer um disco com transcendência, com espiritualidade", aponta, sem receio das possíveis dificuldades de um trabalho que costuma ser associado a um segmento mais restrito.

"Eu sou uma pessoa que tenho uma prática espiritualista de meditação há 20 anos. O Marcos, que eu conheço desde que nasceu, porque sou padrinho de casamento dos pais dele, nasceu dentro de uma família também nessa tradição. O Sávio é espírita... Quando a gente pensou em fazer um disco a partir disso, pensamos que chegou a hora de falar dessas coisas. Sentimos esse desejo", aponta. "Mas o disco não tem nenhum caráter proselitista, até porque eu não saberia fazer isso. Mesmo quando era garotão, de 18, 19 anos, era comunista e vivia dentro de uma ditadura, nunca fiz música de protesto. Nunca acreditei que a música podia ser um veículo de convencimento de alguém. Nesse aspecto da espiritualidade, então, qualquer tentativa de convencimento de uma pessoa é mais inútil ainda".

Para o compositor, falam mais alto as possibilidades criativas, a partir do tema. "Se eu fizer um bom trabalho, vou fazer um bom trabalho dizendo qualquer coisa. Porque todas as verdades merecem ser ditas. A exigência da arte é que sejam bem ditas", delimita. "Essa resistência que existe a esse tipo de coisa, no meio intelectual e artístico, é uma coisa que eu não ligo pra isso não. Minha adesão à coisa espiritual é sincera demais pra ser negociada".

Parcerias

Alicerçado nessa convicção, Ricardo compôs com Marcos Lessa duas novas canções - "Luz em flor" e "Outro mar", - que se somam à citada "Altar". Mas o disco se destaca pelas parcerias de Alcântara com o também cearense Tiago Araripe, que após a reedição de seu álbum "Cabelos de Sansão", originalmente lançado em 1982 e trazido novamente à luz pelo selo "Saravá", de Zeca Baleiro, vem multiplicando suas iniciativas musicais nos últimos tempos.

"Se sei, não sei" e "Mantra psicografado" contam com participação de Lúcio Ricardo nos vocais, no álbum que tem ainda "Alhambra", de Ricardo e Caio Silvio, e "O que você fez da vida", parceria do poeta com David Duarte. "Essa tinha uma outra cara musical, mais pro blues. Entrou no CD por insistência do Marcos Lessa", destaca Ricardo, só elogios para o jovem parceiro e cantor. "É uma pessoa de um grande caráter e um cantor muito bom, muito promissor".

Para o lançamento, hoje e amanhã no Teatro do Dragão, Ricardo, Marcos e Sávio Dieb prepararam projeções com trechos de filmes consagrados da história do cinema e produções de diretores alternativos. Contarão ainda com as participações de Lúcio Ricardo, nos vocais, e Rodger Rogério, declamando poemas. "Luzazul" ganha o céu dos verdes mares.

CD
"Luzazul"
Ricardo Alcântara, Marcos Lessa e Sávio Dieb
R$ 15,00
10 faixas
2010
Independente

O DISCO tem shows de lançamento hoje e amanhã, sempre às 21 horas, no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Além do cantor Marcos Lessa e do pianista Sávio Dieb, os shows contarão com participações de Lúcio Ricardo e Rodger Rogério. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).

DALWTON MOURA
REPÓRTER

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